
Eu, dentre outras portas-bandeiras, tive a graça de visitá-la em sua casa no Morro da Providência, e participar do almoço que seria o principio da festa, e das homenagens que estavam por vir. Mais do que a festa, mais do que o encontro festivo, mais até do que a vitalidade daquela senhora "magrinha" de 90 anos que subia e descia escadas com agilidade de menina; fiquei emocionada ao perceber a garra com que aquela mulher, naquele momento completando nove décadas, guardava e se apegava as suas tradições.

Mas que tradição é essa a qual me refiro? A tradição de tudo. A tradição dos costumes, da herança ancestral, do jeito de fazer e desfazer a história. Sua casa é um museu. Mas não o museu que ela mesmo construiu para manter sua história pessoal. Lá, no alto do Morro da Providência, na casa que desce por escada abaixo, está preservado um pedaço vivo de história que não está em fotografias, objetos, ou no que se possa tocar ou guardar.


Assim como está lá a história da cidade, não a cidade recente, que corre sobre o asfalto, mas a cidade de São Sebastião. A cidade que subiu o morro, a que inventou o samba, a malandragem, a que desceu para desfilar. A cidade que se expandiu pela linha férrea, que fez o samba ganhar Escola. Além da cidade, está lá toda a negritude. A negritude que venceu, que ganhou respeito. Assim como a religiosidade, o místico, as antigas imagens sacras e o amor guardado em fotografias, objetos, águias e tecidos azuis a tudo aquilo que ela julgou importante e empenhou-se a preservar.
Os noventa anos de Dôdô, mais do que o completar de nove décadas de saúde e vitalidade, foi o avanço da tradição viva e preservada sobre um tempo muito prolongado. Está em seu corpo, está no seu olhar, nos longos braços e na voz, a história recente da cultura desta cidade. Nela está o negro, o operário, a história de luta, está o samba, não somente o da Portela - tão presente nos azuis e nas muitas águias estáticas que sempre nos lembra que estamos numa casa portelense - mas o samba que serviu de alívio para as lágrimas das desigualdades, que serviu de escape para a tristeza cotidiana do pobre e do negro na cidade que ela viu transformar-se.





Em seus noventa anos, reconhecemos seu valor, e eu, em nome de todas apresentadas na foto acima, agradeço a oportunidade em termos presenciado a ancestralidade ganhar mais um ano de vida!

Uma bela homenagem a essa grande estrela do carnaval carioca!! belo post!
ResponderExcluirParabéns Squel!
ResponderExcluirBjs
que post sensacional, fiquei emocionada..que respeito, que consideração.. Parabéns pela iniciativa..e que 2011 venha com força e alegria pra defender-mos nossa bandeira, eu que hj moro no sul do pais..mas meu coração está na torcida fiel da grande rio..
ResponderExcluirsolayne oliveira
solandsan@sercomtel.com.br
Querida Amiga estavas linda e radiante, vc sabe que adoro vc de coração, saudades Cíntia Machado, Porto Alegre Bjusssssssss
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