terça-feira, 17 de abril de 2012

De casa nova!



Há meses a frase “temos de nos tornar a mudança que queremos viver” não sai de minha cabeça. Não sei quem é o autor, não sei se a li em algum lugar, não sei se ouvi de alguém. De certo, sei que a ordenação proposta por essas palavras tem embasado as últimas decisões que direcionam meu ofício.

Mudar, invariavelmente ocasiona desconforto. Lançar-se ao novo e desprender-se daquilo que é confortável, não é apenas uma questão de vontade. É uma questão coragem! Coragem para estar à mercê do desconhecido.

Entre a despedida da Grande Rio e a chegada a uma nova escola passaram-se 48 dias. Dias de propostas e promessas. Dias de cores de bandeiras distintas. Dias que foram afastando o desconforto inicial de uma mudança, e abriram as portas para a entrada de esperanças planejadas. 

A mudança que eu quis promover me traz um novo mestre-sala. A mudança que eu quis viver me leva a uma nova Escola. Enfim, posso responder a uma das perguntas que mais me fizeram: para qual Escola você vai?

Eu vou para a Mocidade Independente de Padre Miguel! Eu vou ser a porta-bandeira do Feliciano. Um jovem mestre-sala de talento e futuro. Vou dividir com ele minha alegria de estar em casa nova. Vou banhar-me em águas de “verde e branco.” Renovar-me em suas tradições. Beber água de uma nascente viva de puro samba!

Ao Presidente Paulo Viana e aos dirigentes da Mocidade, o meu sincero agradecimento pelo convite. Ao Bonifácio, o obrigado pela aceitação do desafio. Ao Feliciano, o meu desejo de felicidades e a vontade de que eu seja para você, aquilo que eu quero que você seja para mim!

À comunidade, minha dedicação para proporcionar alegrias a cada um de vocês será intensa! Estou ansiosa para pisar no mesmo chão de vocês! Olhar no olho da baiana, abraçar o integrante da velha-guarda, bailar ao som da habilidade de seus ritmistas, ouvir o apito de seus diretores, ser da mesma família, e poder ser mais um motivo, para o sorriso de seus torcedores! 

Sinto-me privilegiada e extremamente honrada em assumir a responsabilidade de ser a guardiã desse pavilhão. Um pavilhão que escreve de verde e branco, uma das mais belas páginas da história do carnaval e do samba carioca!

À minha família e amigos, obrigada pelo carinho e atenção. À Deus, obrigada por tudo. Sem o senhor nada seria possível.

É isso! Estou em casa nova. E se alguém não acreditar, provo ser verdade. Assim como tantos, trago na identidade: “sou da Mocidade Independente!”

sexta-feira, 2 de março de 2012

A volta do velho batuqueiro!


Botando em dia as linhas desse blog, volto para falar da reedição em CD dos primeiros discos do meu avô lançados originalmente nos anos setenta. Para mim, ouvir suas gravações tem sabor especial: traz as festas em família animadas ao som de sua voz “rascante” e suas visitas sem aviso prévio depois de períodos de ausência.
Os discos lançados trazem a lembrança das antigas “bolachas de vinil” que ficavam na estante da sala; o jeito de “dizer no pé” – como o velho se referia à arte de sambar, - e a voz grave e potente que atravessava o portão anunciando sua festejada chegada.
Mas do que instigar a lembrança familiar, esse lançamento lança luz sob um dos nomes mais associados à arte popular do gênero do partido alto, tira a poeira que cobre a história de um sambista versátil – que além de diretor de Harmonia da Mangueira, cantou jongo, samba de roda e samba de breque – e traz de volta a voz que trazia como marca principal, as tradições dos ritmos afros brasileiros.
Voltam à cena musical, com capa e contracapa original, os discos O Rei do partido alto, Velho Batuqueiro, Chão da Mangueira, e Xangô da Mangueira Volume 3. Quatro discos que não podem deixar de constar em qualquer coleção de sambista de verdade.
Fica a dica, com um toque de predileção pessoal, para a audição do disco lançado pela gravadora Copacabana em 1972, O Rei do Partido Alto. Um super repertório do melhor do partido e que traz o registro original do clássico Quando Vim de Minas, antes da composição tornar-se um hit popular e estourar no ano seguinte na brilhante voz da mineira Clara Nunes!
Fica a dica!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Obrigado Caxias!



A apresentação da Acadêmicos do Grande Rio no desfile das campeãs do carnaval de 2012 marcou minha despedida da Escola. Após 11 anos defendendo o pavilhão da agremiação como primeira porta-bandeira, decidi desligar-me da equipe que compõe seu quadro profissional.

Dois dias após o desfile oficial, tendo cumprido todas as minhas obrigações, fui ao encontro dos dirigentes a fim de agradecer a oportunidade e a confiança depositada em mim, e para a surpresa da maioria, informá-los de minha vontade.

Sinto-me extremamente honrada pela valorização profissional e pelas palavras de carinho que ouvi dos dirigentes da Escola nos quatro encontros que tive até que meu desejo de afastamento fosse aceito.

Anuncio aqui, e divido com os que acompanham minha carreira, este importante momento de minha vida profissional. As linhas que seguem - como não podia deixar de ser - são linhas de agradecimento. Agradecimento ao carinho dos amigos que fiz não apenas nos 11 anos consecutivos como primeira porta-bandeira, mas sobretudo, ao longo dos 19 anos de Escola que marcam e direcionam o que sou agora.

Agradecimento aos admiradores que pouco a pouco foram se auto intitulando fãs de um trabalho marcado pela dedicação. Obrigada a minha família pela força e pelo companheirismo diário. Obrigada ao meu querido presidente Jayder Soares, a quem tenho profundo carinho e respeito. Obrigada ao patrono Leandrinho pelo apoio. Ao presidente Helinho, por acreditar e investir na prata da casa. Ao vice-presidente Milton Perácio, pela parceria de trabalho de mais de uma década.

Um agradecimento especial à comunidade da qual faço parte. Foram vocês os responsáveis por injetar alegria à minha dança. A “força” de vocês me trouxe até aqui! Foi o carinho de uma comunidade inteira que incentivou uma criança que era “baianinha” entrar no quadro mirim. O aplauso dessa mesma comunidade fez uma menina envergonhada tornar-se a segunda porta-bandeira. Os olhos de vocês viram a criança tornar-se adulta, e a adulta tornar-se a primeira porta-bandeira da Escola de Caxias!

Vocês registram uma história. Juntos, construímos a história da Grande Rio! Uma história de erros e acertos. Uma história onde estou incluída, errando e acertando, como todos que dela tomam parte.

A respeito de minha decisão, ela é fruto de uma insatisfação pessoal que me impossibilita dar continuidade ao trabalho. Deixo o posto com a certeza de uma carreira bem desenvolvida e com a satisfação pessoal de saber que minha passagem pela Avenida é uma marca que traduz uma das poucas histórias de intensa ligação entre uma porta bandeira e as raízes de sua comunidade. Nesse momento de despedida, sinto-me como uma jovem que deixa a casa dos pais em busca de realizações. Levo na bagagem o peso da saudade e a leveza de quem crê no progresso!

Continuo na torcida!

Obrigada Caxias! Obrigado por ter me permitido chegar onde cheguei.

Ofereço a bandeira que sempre esteve em minhas mãos, para o beijo de vocês!