terça-feira, 12 de abril de 2011

Um carnaval que passou!


Falar do incêndio seria triste. Preferi falar da construção de um carnaval posterior ao incidente. Falar da prova maior da paixão e da seriedade de nosso trabalho: a construção do carnaval que foi destruído. Todos sabem que nosso Barracão foi totalmente consumido pelas chamas que no dia 07 de Fevereiro acordaram o mundo do Samba. Portela, União da Ilha e Grande Rio, amanheceram sobre o impacto da notícia sobre a destruição do que estavam construindo para apresentarem dalí a exatos trinta dias. A Grande Rio perdeu tudo! Pra quem duvidar, esta lá os destroços do nosso Barracão. Triste falar de um incêndio que mais do que nos levar toda uma estrutura montada ao longo de décadas de trabalho, nos levou também o sonho do campeonato. Um campeonato possível, vide os comentários a cerca do resultado final da apuração.

Bom, após o incêndio a tristeza para nós não durou muito. Ela deu lugar ao trabalho, e o trabalho precisava começar. Tínhamos menos do que trinta dias para refazermos tudo! Nós queríamos tudo de novo. Qualquer Escola desistiria. Foi decidido que não seriamos julgados, que não haveria rebaixamento...mas, contudo, a Grande Rio queria ser a “Grande Rio.” E a Grande Rio de 2011 foi a Grande Rio de sempre. Não a luxuosa, mas a Grande Rio orgulhosa de si! A promessa do presidente havia se cumprido: toda a comunidade estava fantasiada! Ninguém ficou de fora da festa da raça.

Nove alegorias foram construídas em vinte e seis dias. Carros iluminados e bem acabados. Três mil fantasias entregues a comunidade. Um carnaval de superação. Superação em tudo! Y-Jurere Mirim, A Encantadora Ilha das Bruxas foi levado para a Avenida. Na hora de entrarmos na pista, uma chuva caiu sobre a Escola. Quando os portões se abriram e a bateria do mestre Cica fez ecoar o som dos instrumentos, a chuva fina deu lugar a uma grossa chuva que nos acompanhou durante toda a apresentação.


Após ao fogo, era preciso vencer a chuva. Mas a chuva veio para nos alegrar. A água veio lavar a angustia que o fogo deixou. A comunidade cantou alto! O samba do ano cumpriu bem o seu papel: Era preciso rezar forte naquele chão e mandar para bem longe, toda sorte de assombração! No abre-alas, a bruxa e seu caldeirão de fogo. A comissão de frente empolgou com a transformação do menino em lobo. Na bateria, trezentos lobisomens no comando de caixas, repiques, surdos, chocalhos e tamborins. Os funcionários do Barracão eram as estrelas da alegoria que encerrava o desfile junto a Fenix que abraçava o símbolo da Escola. Nas camisas lia-se: o sonho não acabou!


E Não acabou mesmo!